O tempo passou, o progresso chegou, as matas sumiram, os rios caudalosos o ano inteiro minguaram, plenos de areia e lixo. Vez em quando novas cheias ocorrem com intervalo semelhante à ocorrência de secas, 8 a 10 anos.
As cidades ribeirinhas cresceram sobre margens secas, e dezenas de cidades são afetadas quando o rio ocupa um espaço que não lhe pertencia – era da mata – tudo destrói, e o homem reconstrói no mesmo lugar, nesse vai-vem de destruição.
Dessa vez foi diferente, houve um fato novo em situação atípica e atrevo-me, como pesquisador de semi-árido, a explicar o desastre por uma linha de lógica ainda não abordada.
O verão no Agreste foi atípico e os açudes e barragens não secaram mantendo os níveis de água em meia altura e mais alto em várias regiões. No Agreste de Pernambuco chuvas de trovoadas ocorrem há meses, sem reflexos nos rios alagoanos porque ali existem milhares de pequenos e médios açudes e barragens que seguraram a água e vários sangraram.
Surgiu, então, um fenômeno climático retratado pela onda de calor, e temperatura mais alta do oceano, que perdurou durante meses em toda a região de Alagoas e Pernambuco. Desde o início da semana trágica uma onda de ar aquecido fluía do oceano com muita umidade e se espraiava sobre a região.
No dia 17 um distúrbio atmosférico que os meteorologistas chamam de Onda de Leste disparou o gatilho ao adentrar no continente, o ar aquecido subiu gerando nuvens pesadas que se transformaram em chuvas torrenciais sobre o agreste de Pernambuco e de Alagoas. 180 litros de água por metro quadrado em um só dia é a chuva de um mês inteiro.
Açudes e barragens já quase cheios verteram água em excesso para todos os rios da região, e escoaram em grande velocidade gerando ondas nas cachoeiras e as inundações cujos rastros de destruição estão visíveis. Foi isso. Nada a ver com rompimentos de barragens que continuam lá, ainda vertendo água tão amarga quanto às lágrimas derramadas pelo nosso povo.
Reflorestar as margens ciliares, sim! Impõe-se! Reconstruir cidades, sim! Planejar é a missão da engenharia, mas fora das áreas de risco delimitadas pelas cruzes que serão fincadas in memoriam dos que se foram.
(*) É engenheiro civil e consultor./GAZETA DE ALAGOAS
Convidados explicam a tragédia causada pela chuva em Alagoas e Pernambuco
Terça-feira, 29/06/2010O professor do Grupo de Análise de Risco Moacyr Duarte explica que é importante demarcar as áreas menos atingidas pelas enchentes. A reconstrução dos municípios deve recomeçar por esses locais.
BLOG SOS RIOS DO BRASIL
Olá Marcos
ResponderExcluirEstamos produzindo um blog educativo no curso do Cederj de nome Formaçao Continuada em Tecnologia Web2,e o meu tema é Mata Ciliar. O blog vem eexplicar didaticamente o por que de tanta tragédia em AL e PE,e por isto pretendo indicá-lo no meu blog em início de construção, cujo endereço é www.leilawebeducando.blogspot.com. Parabéns pelo seu trabalho !!