Do pé do morro Santana até a foz, pode-se fazer uma imagem como esta em qualquer trecho do Dilúvio. (Felipe Prestes)
ARROIO DILÚVIO, EM PORTO ALEGRE (RS)
Alguém consegue passar pelo arroio Dilúvio sem notar e lastimar o estado em que se encontra? A cor da água, o acúmulo de lixo...
É triste ver aquela sujeira toda rolando nas águas que nascem limpas.
Isso mesmo; limpas.
Para quem não sabe, aquilo não é um valão, um esgoto a céu aberto. É um arroio, um riacho, que tem vertente de águas límpidas mas recebe além de esgoto, lixo e água de outros arroios não menos maltratados.
Recebe também desprezo, descaso... Causa asco e repulsa, mas ele é apenas mais uma vítima.
Vejo as garças espreitando por entre o lixo os poucos peixes que teimam em se reproduzir e desenvolver ali.
O Arroio Dilúvio é só um exemplo. Temos vários casos, uns piores que os outros. Se houvesse boa vontade e consciência das pessoas; se houvesse um pouco só de dedicação das autoridades ou dos meios de comunicação, poderíamos mudar a atitude da população de Porto Alegre com relação ao seu rio, suas águas e à sua própria saúde.
Gostaria de ver alguma coisa acontecendo. Não ações isoladas, mas programas de conscientização; investimento sério em saneamento, tratamento do esgoto e da água que vai para o arroio, pois esse lixo sólido não prejudica tanto a água.
Ta, uma dessas sacolas pode acabar no mar, matando uma tartaruga marinha, mas não é disso que estamos falando.
Tudo parte do mesmo princípio que é o desrespeito com a natureza e com a água (que vamos acabar bebendo), e acho que isto deveria ser combatido de todas as formas, olhado de todos os ângulos e discutido seriamente. Não adianta nada a prefeitura mandar limpar o arroio de vez em quando, fazer exposições com o material retirado de lá, criticar as pessoas que jogam lixo e fazer de conta que não sabe das toneladas de poluentes orgânicos e sintéticos que são jogados ali e no Guaíba diariamente.
Um sofá jogado no arroio polúi apenas visualmente. É feio, mas não contamina a água. Pneu, sacola, garrafa, madeira; isso suja, pode entupir algum escoadouro, mas a poluição mesmo, aquela que prejudica a vida, essa raramente se ve a olho nu.
Quanto ao consumo, não adianta beber água mineral; em primeiro lugar, porque mesmo para água mineral existem “níveis aceitáveis” de impurezas; em segundo, porque escovamos os dentes, tomamos banho, almoçamos em restaurantes, comemos verduras e frutas regadas e lavadas com águas provenientes de rios poluídos, tratadas, mas também com “níveis aceitáveis” de coliformes fecais e outras impurezas, ou seja, estamos expostos de qualquer forma.
Sei que não adianta nada escrever sobre isso e ficar enchendo o saco, a menos que consiga despertar algum novo líder que nos guie à redenção ecológica, apenas não tolero hipocrisia, e acho que devemos ter consciência do nosso lugar e da nossa importância nesse mundo. Para o bem e para o mal.
Triste, muito triste, mesmo assim, aquele abraço...
Então ta.
Vai um texto que escrevi há uns dias sofrendo com os maus tratos do meu riacho...
Espero que seja útil.
Um abraço
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Potiguara Pereira Jr
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(55+51+9335.2565)
Foz do Arroio Dilúvio, no Lago Guaíba em Porto Alegre
LEIA MAIS:
O arroio nasce na Represa Lomba do Sabão, localizada no
Parque Saint-Hilaire em Viamão, e recebe água de afluentes como os arroios dos Marianos, Mato Grosso, Moinho, São Vicente e Cascatinha, para finalmente desaguar no Lago Guaíba, entre os parques Marinha do Brasil e o Parque Maurício Sirotski Sobrinho. Seu nome era, originalmente, Arroio Sabão.
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas do Brasil!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
É inacreditável o estado do Dilúvio. Depois de uma época em que parecia estar melhor, é impossível não se entristecer com o lastyimável abandono do Arroio - sim, é um arroio, não é um canal de esgotos. Temos que protestar contra essa situação. Abaixo a prefeitura de Porto Alegre!!!
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