A ONG ambientalista WWF lançou documentário em que conta a história de pessoas do Brasil e da Bolívia afetadas pela construção das barragens de Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, que fazem parte do Complexo Hidrelétrico do Madeira. O filme “Rio Madeira: Vida antes das Barragens” foi gravado durante as estações seca e chuvosa da Amazônia, em comunidades ribeirinhas, brasileiras e bolivianas. Com aproximadamente 27 minutos, o vídeo documenta expectativas, opiniões e medos de pessoas, cujas comunidades dependem do rio, dentre as quais estão populações indígenas.
Segundo informações apresentadas no site da organização, a WWF pretende, com a iniciativa, chamar a atenção para os possíveis impactos ambientais e sociais relacionados com a construção das barragens, além de informar potenciais financiadores desses projetos sobre tais riscos.
“O filme também será usado como um instrumento para capacitação e divisão de conhecimento com as comunidades direta, indireta ou potencialmente afetadas pelas barragens”, diz trecho da justificativa da ação.
A organização também informa que, com isso, está advogando por um sistema de monitoramento independente, apoiado por financiadores, para garantir que as 85 condicionantes do licenciamento das barragens sejam atendidas pelas companhias à frente desses projetos.
Complexo do Madeira
O Complexo Hidrelétrico do Madeira é um projeto de infraestrutura, incluindo quatro barragens, que pretende gerar cerca de 10 mil MW de energia, 4000 km de hidrovia e 2500 km de linhas de transmissão.
O rio Madeira é o maior afluente do Amazonas, que é o principal elemento da bacia trinacional do Madeira (Brasil, Bolívia e Peru). Esse é o maior projeto de infraestrutura previsto pela Iniciativa de Integração Regional de Infraestrutura na América do Sul (IIRSA).
Santo Antônio e Jirau são as duas primeiras barragens a serem construídas, e ambas estão localizadas no Brasil, no rio Madeira. A construção da barragem de Santo Antonio começou em setembro de 2008. De acordo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), 10 mil pessoas serão desalojadas pela obra.
Já a companhia responsável pela construção, a Santo Antônio Energia AS estima que três mil pessoas devam ser realocadas. A barragem de Jirau está em construção desde 2009 e o consórcio que lidera o projeto é a Energia Sustentável do Brasil (Enersus).
As duas outras barragens são Riberao, no rio Mamoré (fronteira Bolívia-Brasil) e Cachuela Esperanza, no rio Beni (Bolívia). Para essa última, um estudo de viabilidade contratado pelo governo boliviano já está em andamento.
Embora a extensão dos impactos das barragens não esteja clara, sabe-se que elas irão afetar a migração de peixes e outras espécies dependentes do fluxo ecológico do rio. Também, a abertura de estradas para acesso às barragens poderá impactar a floresta do entorno.
A ONG WWF acredita que eficiência energética e economia de energia deveriam estar na linha de frente da política energética de qualquer nação, incluindo análises abrangentes de outras fontes de energia renovável alternativas à hidreletricidade e combustíveis fósseis, além de estratégias para evitar ou minimizar impactos negativos sociais, culturais e ambientais, em particular, na Amazônia.
“Os empreendedores contrataram uma Estudo Ambiental Estratégico para o complexo do Madeira cobrindo toda a bacia do rio. Infelizmente, o estudo nunca foi usado para promover a participação adequada da sociedade civil e para alcançar um consenso com as comunidades locais afetadas”, diz a organização em seu site.
infelizmente o vídeo está em inglês
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
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