desastre ambiental
De: | Luiz Bosco Sardinha Machado (advogadosardinha@yahoo.com.br) |
Enviada: | domingo, 21 de março de 2010 22:16:47 |
Para: | professorjarmuth@hotmail.com |
Professor, Vc pode encontrar este artigo no WP
PARAGUAÇU PAULISTA (SP) SOB RISCO DE COLAPSO NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Fotos cedidas para este blog pelo
Dr. Lucas Tranquilino Romeiro
Paraguaçu Paulista, uma das cinco mil e tantas cidades deste Brasil, há cerca de quarenta anos atrás via pulular pelas suas ruas centenas de pessoas atraídas pela policultura do café, do algodão, milho e muitas outras, que faziam a riqueza de muitos.
A Estrada de Ferro Sorocabana deixava na estação de Paraguaçu uma legião, que estampava nas faces a ansiedade e a expectativa de poder tirar da terra o “ouro verde”, sinônimo de riqueza; e a exemplo de Londrina no Norte pioneiro paranaense, tornar-se uma grande cidade, cheia de oportunidades para seus filhos.
EROSÃO DO ALEGRE
No início, a ocupação da terra foi feita de modo um tanto desordenado e caracterizada pelo pouco respeito ao meio ambiente, pois acreditava-se que os recursos naturais seriam inesgotáveis. Então, a regra era desmatar, queimar a “sujeira” que ficasse e usar a terra exaustivamente, até consumir todos os seus nutrientes para em seguida abandoná-la. Então, partia-se para outro lote.
Isto atendia, inclusive, às determinações do Fundo Monetário Internacional, que não aceitava uma racional simbiose entre o urbano e o rural. Com as pequenas e médias propriedades sendo engolidas pelos latifúndios, que deveriam dedicar-se unicamente à produção de matérias-primas destinadas à exportação.
Paulatinamente, a mão-de-obra foi sendo empurrada para as bordas dos perímetros urbanos sendo substituída pelas máquinas agrícolas (americanas em sua maioria), que rendiam muito mais e não reclamavam direitos trabalhistas.
Os mesmos erros cometidos na ocupação da zona rural repetiram-se na desordenada urbanização que seguiu-se. As favelas multiplicaram-se, legiões de subempregados forneciam mão-de-obra barata para a elite que nascia com a industrialização; o tráfico de drogas e a marginalização campearam.
Os mesmos verdadeiros crimes cometidos contra o meio ambiente na desastrosa ocupação rural repetiram-se na urbanização, com uma séria agravante, a aglomeração urbana exigia água pura, esgotos tratados, despoluição do meio ambiente e destinação dos resíduos sólidos, problemas não encontrados em tal dimensão na zona rural.
Paraguaçu, localizada no centro-oeste paulista no chamado Vale do Paranapanema seguia à risca as determinações dos ideólogos do Fundo. E dá-lhe cana e gado em menor proporção.
Meio ambiente?
Ah! Isto era coisa de eco-chato desocupado. Para ter-se uma idéia cinco usinas de açúcar e álcool – Zilor, Quatá, Nova América/Cosan – Paraguaçu e Maracaí, Cocal – Paraguaçu e o Grupo Toledo – Borá – sem qualquer planejamento começaram a explorar intensivamente as terras do município, não se perdoando matas nativas e pequenos cursos d’água.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO RIBEIRÃO ALEGRE
Para quem não sabe, os pequenos capões de mato encontrados pelos canavieiros nas terras a serem exploradas foram literalmente enterrados da noite para o dia em trincheiras cavadas por máquinas esteira e a plantação intensiva por sua vez, não respeitava as margens dos córregos e as nascentes.
No município de Paraguaçu existem quatro principais correntes d’água: Rio Capivara, Ribeirão Sapé, Bugio e Alegre todos eles nos bons tempos, pródigos em peixes e água farta para saciar a sede de seres humanos e animais. Hoje, os três primeiros estão praticamente mortos, vitimas do plantio intensivo da cana de açúcar, dos pesticidas e adubos químicos e do vinhoto, a calda que sobra na produção do açúcar e álcool e que é devolvida à terra sob a forma de adubo, e que é carregada pelas chuvas, encaminhando-se aos cursos dágua, poluindo-os e dizimando a fauna e tornando a água imprópria para consumo.
RIBEIRÃO ALEGRE
ALEGRE - PARAGUAÇU PAULISTA.
Os bairros rurais do município, mercê da opção pela monocultura da cana de açúcar ou da bovino-cultura extensiva desapareceram, estagnaram ou vivem em visível processo de degradação. O exemplo mais gritante é o bairro de Sapezal, que outrora chegou a abrigar oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana e hoje reduz-se a um retiro de leite.
Exceção se faça ao Bairro do Campinho, onde a policultura praticada por dezenas de minifúndios, conferia-lhe uma vitalidade jamais experimentada pelos demais.
Na década de 90 houve lá uma bem-sucedida cultura de morangos de mesa, que exige uma série de condicionantes para que produza bem.
Neste bairro nasce o Ribeirão Alegre, cujas águas límpidas serpenteiam por magníficas propriedades, algumas de lazer, indo formar o lago que fornece água potável para o município.
ALEGRE FONTE DE ÁGUA DO MUNICÍPIO
De três anos para cá as nascentes do Alegre viram-se ameaçadas pelo plantio intensivo e desordenado de cana de açúcar.
No ultimo mês de fevereiro, as chuvas intensas que castigaram a região romperam as curvas de nível e soterraram as nascentes tributárias do Alegre pondo em risco no longo prazo o abastecimento de água da cidade.
As fotos que ilustram este artigo dão idéia da gravidade da situação.
No próximo artigo veremos as providências que foram ou não tomadas para evitar-se o colapso, que parece ser iminente do abastecimento de água da cidade, o que diz o povo e as autoridades e os empresários responsáveis pelo que parece ser um verdadeiro desastre ambiental de elevadas proporções.
Luiz Bosco Sardinha Machado
Fotos cedidas para este blog pelo
Dr. Lucas Tranquilino Romeiro
Paraguaçu Paulista, uma das cinco mil e tantas cidades deste Brasil, há cerca de quarenta anos atrás via pulular pelas suas ruas centenas de pessoas atraídas pela policultura do café, do algodão, milho e muitas outras, que faziam a riqueza de muitos.
A Estrada de Ferro Sorocabana deixava na estação de Paraguaçu uma legião, que estampava nas faces a ansiedade e a expectativa de poder tirar da terra o “ouro verde”, sinônimo de riqueza; e a exemplo de Londrina no Norte pioneiro paranaense, tornar-se uma grande cidade, cheia de oportunidades para seus filhos.
EROSÃO DO ALEGRE
No início, a ocupação da terra foi feita de modo um tanto desordenado e caracterizada pelo pouco respeito ao meio ambiente, pois acreditava-se que os recursos naturais seriam inesgotáveis. Então, a regra era desmatar, queimar a “sujeira” que ficasse e usar a terra exaustivamente, até consumir todos os seus nutrientes para em seguida abandoná-la. Então, partia-se para outro lote.
Isto atendia, inclusive, às determinações do Fundo Monetário Internacional, que não aceitava uma racional simbiose entre o urbano e o rural. Com as pequenas e médias propriedades sendo engolidas pelos latifúndios, que deveriam dedicar-se unicamente à produção de matérias-primas destinadas à exportação.
Paulatinamente, a mão-de-obra foi sendo empurrada para as bordas dos perímetros urbanos sendo substituída pelas máquinas agrícolas (americanas em sua maioria), que rendiam muito mais e não reclamavam direitos trabalhistas.
Os mesmos erros cometidos na ocupação da zona rural repetiram-se na desordenada urbanização que seguiu-se. As favelas multiplicaram-se, legiões de subempregados forneciam mão-de-obra barata para a elite que nascia com a industrialização; o tráfico de drogas e a marginalização campearam.
Os mesmos verdadeiros crimes cometidos contra o meio ambiente na desastrosa ocupação rural repetiram-se na urbanização, com uma séria agravante, a aglomeração urbana exigia água pura, esgotos tratados, despoluição do meio ambiente e destinação dos resíduos sólidos, problemas não encontrados em tal dimensão na zona rural.
Paraguaçu, localizada no centro-oeste paulista no chamado Vale do Paranapanema seguia à risca as determinações dos ideólogos do Fundo. E dá-lhe cana e gado em menor proporção.
Meio ambiente?
Ah! Isto era coisa de eco-chato desocupado. Para ter-se uma idéia cinco usinas de açúcar e álcool – Zilor, Quatá, Nova América/Cosan – Paraguaçu e Maracaí, Cocal – Paraguaçu e o Grupo Toledo – Borá – sem qualquer planejamento começaram a explorar intensivamente as terras do município, não se perdoando matas nativas e pequenos cursos d’água.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO RIBEIRÃO ALEGRE
Para quem não sabe, os pequenos capões de mato encontrados pelos canavieiros nas terras a serem exploradas foram literalmente enterrados da noite para o dia em trincheiras cavadas por máquinas esteira e a plantação intensiva por sua vez, não respeitava as margens dos córregos e as nascentes.
No município de Paraguaçu existem quatro principais correntes d’água: Rio Capivara, Ribeirão Sapé, Bugio e Alegre todos eles nos bons tempos, pródigos em peixes e água farta para saciar a sede de seres humanos e animais. Hoje, os três primeiros estão praticamente mortos, vitimas do plantio intensivo da cana de açúcar, dos pesticidas e adubos químicos e do vinhoto, a calda que sobra na produção do açúcar e álcool e que é devolvida à terra sob a forma de adubo, e que é carregada pelas chuvas, encaminhando-se aos cursos dágua, poluindo-os e dizimando a fauna e tornando a água imprópria para consumo.
RIBEIRÃO ALEGRE
ALEGRE - PARAGUAÇU PAULISTA.
Os bairros rurais do município, mercê da opção pela monocultura da cana de açúcar ou da bovino-cultura extensiva desapareceram, estagnaram ou vivem em visível processo de degradação. O exemplo mais gritante é o bairro de Sapezal, que outrora chegou a abrigar oficinas da Estrada de Ferro Sorocabana e hoje reduz-se a um retiro de leite.
Exceção se faça ao Bairro do Campinho, onde a policultura praticada por dezenas de minifúndios, conferia-lhe uma vitalidade jamais experimentada pelos demais.
Na década de 90 houve lá uma bem-sucedida cultura de morangos de mesa, que exige uma série de condicionantes para que produza bem.
Neste bairro nasce o Ribeirão Alegre, cujas águas límpidas serpenteiam por magníficas propriedades, algumas de lazer, indo formar o lago que fornece água potável para o município.
ALEGRE FONTE DE ÁGUA DO MUNICÍPIO
De três anos para cá as nascentes do Alegre viram-se ameaçadas pelo plantio intensivo e desordenado de cana de açúcar.
No ultimo mês de fevereiro, as chuvas intensas que castigaram a região romperam as curvas de nível e soterraram as nascentes tributárias do Alegre pondo em risco no longo prazo o abastecimento de água da cidade.
As fotos que ilustram este artigo dão idéia da gravidade da situação.
No próximo artigo veremos as providências que foram ou não tomadas para evitar-se o colapso, que parece ser iminente do abastecimento de água da cidade, o que diz o povo e as autoridades e os empresários responsáveis pelo que parece ser um verdadeiro desastre ambiental de elevadas proporções.
Luiz Bosco Sardinha Machado
Colaboração do Dr. Luiz Bosco Sardinha Machado
VEJA MAIS - Galeria de Fotos do
Dr. Lucas Tranquilino Romeiro
DIVULGUE EM NOSSOS BLOGS SUA EMPRESA, SEUS EVENTOS
EFICIENTES E COMPATÍVEIS
www.colunadosardinha.wordpress.com
www.colunadosardinha.blogspot.com e
www.colunadosardinhaecologia.blogspot.com
um debate sério sobre política nacional e meio-ambiente
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas do Brasil!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seja bem vindo e deixe aqui seus comentários, idéias, sugestões, propostas e notícias de ações em defesa dos rios, que vc tomou conhecimento.
Seu comentário é muito importante para nosso trabalho!
Querendo uma resposta pessoal, deixe seu e-mail.
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários. Portanto, não serão publicados comentários que firam a lei e a ética.
Por ser muito antigo, o quadro de comentários do blog ainda apresenta a opção comentar anônimo; mas, com a mudança na legislação,
....... NÃO SERÃO PUBLICADOS COMENTÁRIOS DE ANÔNIMOS....
COMENTÁRIOS ANÔNIMOS, geralmente de incompetentes e covardes, que só querem destruir o trabalho em benefício das comunidades FICAM PROIBIDOS NESTE BLOG.
No "COMENTAR COMO" clique no Nome/URL e coloque seu nome e cidade de origem. Obrigado
AJUDE A SALVAR OS NOSSOS RIOS E MARES!!!
E-mail: sosriosdobrasil@yahoo.com.br