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16 de março de 2010

VOCÊ CONHECE A MAIOR RESTINGA DO RJ ?

Restinga de Iquipari. Em brever será um dos maiores Parques Estaduais de restinga do Brasil. Foto de André Ambiental

A restinga de Paraíba do Sul



Arthur Soffiati
- Ecologia e História - as-netto@uol.com.br Este endereço de e-mail está protegido contra spambots. Você deve habilitar o JavaScript para visualizá-lo.

Na região norte fluminense, denominação geográfica contestada com razão por Alceo Magnanini, existem duas restingas. A primeira se estende de Barra do Furado a Macaé e conta com 123 mil anos de idade, segundo os geólogos Suguio, Martin, Flexor e Dominguez. Sobre ela, foi criado o Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. O nome da Unidade de Conservação deveria ser Parque Nacional de Jurubatiba, situado na restinga de Carapebus, pois este último nome designa a maior lagoa desta restinga.

A segunda se estende do Cabo de São Tomé a Manguinhos. É relativamente nova, pois se formou, segundo os geólogos acima mencionados, nos últimos 5 mil anos. Trata-se da maior restinga do Estado do Rio de Janeiro e uma das maiores do Brasil. Proponho que ela passe a se chamar Restinga de Paraíba do Sul, pois este rio não apenas a corta como também é responsável, junto com o mar, por sua formação.

Em ambas as margens do Rio Paraíba do Sul, a configuração geológica muda. Na margem esquerda, a partir de Itereré, há nítidos terrenos de tabuleiro, com lagoas perpendiculares à costa, antigos cursos d’água barrados pela restinga. Nesta, a disposição do terreno muda, com lagoas e banhados paralelos à costa. Eles resultaram do processo de transgressão (avanço) e regressão (recuo) marinhas. Recuos muito grandes deixaram atrás de si a Lagoa do Campelo e os Brejos de Mundeuzinho, dos Cocos, dos Farias e do Mangue Seco; as Lagoas do Comércio, da Taboa, do Meio e da Praia, estas últimas em Gargaú, formando uma enorme sequência de depressões intercordões arenosos que assinalam antigas cristas praiais (que denominamos comumente de cômoros). As lagoas de Gruçaí, Iquipari e Açu foram criadas por outro processo e integravam o delta do Paraíba como braços extravasores deste e da Lagoa Feia. Na margem direita, divisa-se, nitidamente, a planície aluvial e a restinga.

Estas depressões e os cordões arenosos paralelos à costa falam com eloqüência, mas, infelizmente, o poder público e a sociedade não conhecem a língua deles. É preciso um programa urgente de alfabetização para ensinar as pessoas a ouvir a restinga. A vegetação nativa de maior porte na restinga se desenvolve sobre os cordões. Nas depressões, a vegetação é aquática ou hidrófila (amiga da água). Quando chove, as depressões acumulam água e se enriquecem em biodiversidade. Ao mesmo tempo, elas funcionam como reservatórios de água para o lençol freático e como retentoras de água no continente.

Por este ângulo, Guaxindiba, Sossego, Santa Clara, Gargaú, Atafona, São João da Barra, Gruçaí e Açu foram erguidos sobre um terreno complexo, mas sem observar esta complexidade. Estes núcleos populacionais removeram a vegetação nativa psamófila (amiga de solo arenoso) herbácea, arbustiva e arbórea, passando sem nenhum respeito sobre as depressões e os cordões arenosos. A ligação entre o Rio Paraíba do Sul e as Lagoas de Gruçaí, Iquipari e Açu foi interrompida pelo Canal do Quitingute. O mesmo aconteceu com o famoso valão de Gruçaí, marca de uma grande regressão marinha antiga. Esta depressão ligava a Lagoa de Gruçaí ao Rio Paraíba do Sul. Em seu livro Vento Nordeste, Hélvio Santafé registra a presença de manguezal perto do Chapéu de Sol. Como isto seria possível? Pelo avanço das marés pelo valão até lá, transportando sementes das três espécies de mangue da nossa região. A ligação deste paleocanal com o mar foi transformada na Área de Proteção Ambiental da CEHAB, mas considero imperioso reexaminar esta APA quanto a seu nome, a sua delimitação, ao seu plano de manejo, a sua história e a sua importância.

Os núcleos urbanos na Restinga de Paraíba do Sul exigiram desmatamento e ultrajaram a malha hídrica nativa. Estes atentados não devem ser atribuídos a nenhum prefeito, mas a todos e também à população. Melhor dizendo, a uma concepção segundo a qual o espaço está à nossa disposição. A vegetação nativa de restinga foi, em sua maior parte, substituída por lavouras de curta duração, que apresentaram níveis declinantes de produtividade depois que o húmus natural das matas se esgotou, exigindo o uso de fertilizantes químicos e de agrotóxicos. Em seguida, instalou-se uma pecuária magra. Os núcleos urbanos também exigiram remoção de vegetação nativa e feriram a disposição dos fluxos hídricos, Hoje, sofrem as consequências de intervenções contranaturais. Onde atualmente se situa o SESC Mineiro, em Gruçaí, existia uma floresta de restinga. Hoje, lá, estende-se um paredão que abriga uma excrescência.

O valão de Gruçaí foi todo segmentado, principalmente pelo meio urbano. Mas, como a natureza sempre busca recuperar o equilíbrio perdido, as águas ultrapassaram a estrada em direção à Lagoa de Gruçaí, nas cheias dos últimos 4 anos. O poder público teve de abrir uma vala, onde deveria ser instalada uma ponte ou um bueiro celular. No trevo de Gruçaí, ocorreu o mesmo. Em caráter emergencial, a prefeitura tentou conter as águas com diques marginais de areia, mas as águas espalharam a areia para o meio da pista, propiciando acidentes de trânsito. Fonte: Portal do Meio Ambiente

VEJA MARAVILHOSAS IMAGENS DE SÃO JOÃO DA BARRA


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