Tempo perdido na defesa dos rios do Paraná
Quase uma década sem um plano de gestão das bacias hidrográficas permitiu que problemas da urbanização fossem intensificados
Enquanto outros países discutem as dificuldades trazidas pela escassez de água, no Brasil a preocupação envolve a qualidade dos recursos hídricos. Concentrações urbanas e industriais, como Curitiba e a região metropolitana, apresentam áreas com saneamento básico insuficiente. Já no interior, o assoreamento causado pela degradação das matas ciliares é o principal problema para se manter a qualidade das águas. Embora a situação média dos rios paranaenses seja considerada razoável, o engenheiro ambiental Eduardo Gobbi, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e especialista em recursos hídricos, alerta para áreas degradadas e afirma que o estado perdeu tempo na corrida pela conservação de suas bacias.
Para Gobbi, a qualidade das águas dos rios do Paraná poderia ser muito maior. “Perdemos a oportunidade de estar em uma fase mais avançada”, analisa. O professor diz que o atraso na implantação do Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), que depois de oito anos saiu do papel (leia mais nesta página), terá um ônus. Nesse meio tempo, a disputa pela água se tornou maior, intensificando os problemas que comprometem a recuperação das bacias, levando ao assoreamento e a problemas com saneamento e drenagem urbana, afirma o presidente do Instituto das Águas do Paraná, nome atual da Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (Sudersha), João Samek.
Problemas
Fatores que comprometem as bacias hidrográficas:
Em áreas urbanas
Saneamento
• Esgotos clandestinos, em sua maioria, são lançados em afluentes, causando o comprometimento da qualidade da água. O lançamento pode ser tanto domiciliar quanto industrial, o que causa um dano maior.
Drenagem urbana
• É a principal interface entre solo, esgoto, resíduos sólidos e poluição atmosférica.
A impermeabilização do solo acentua as enchentes e reduz a capacidade dos rios em períodos de estiagem.
A construção de estacionamento e armazenagem da água em reservatórios para o reuso seriam algumas das soluções.
Carga difusa
• Segundo o especialista em recursos hídricos Eduardo Gobbi, carga difusa é toda a sujeira que a chuva lava e vai para os rios, como óleo de carro, lixo doméstico, folhas e poluição. Segundo Gobbi, não há estudos no país sobre o assunto.
Em áreas rurais
Assoreamento
• É causado pela falta de mata ciliar e respeito às normas de construção e plantio, por exemplo.
Plano tem diretrizes para os próximos 4 anos
A política de recursos hídricos do estado ganhou, ontem, em Curitiba, mais uma ferramenta de atuação e planejamento. O Plano Estadual de Recursos Hídricos, considerado uma ação inédita no Paraná, é resultado de um trabalho em parceria com órgãos governamentais e sociedade civil. Leia a matéria completa
Segundo a diretora de Meio Ambiente e Ação Social da Sanepar, Maria Salete Rosa, não houve avanços na gestão da poluição dos rios devido à falta de uma preocupação maior com a drenagem. A região metropolitana de Curitiba tem sido monitorada constantemente por causa do impacto das ocupações urbanas na qualidade da água. “Curitiba recebe água limpa e destina o passivo para os vizinhos, enviando esgoto”, descreve.
Gobbi acrescenta que o saneamento é o principal problema não só na capital, mas também no estado e em todo o país. Na sua avaliação, 50% dos rios de Curitiba e região metropolitana estão mortos, incluindo os rios Atuba, Palmital, Bacacheri, Belém, Ribeirão dos Padilhas e parte do Barigui. “A margem direita da Bacia do Iguaçu está comprometida pelo adensamento urbano e industrial”, analisa.
Duas soluções apontadas pelo professor da UFPR seriam a preocupação maior com as ligações clandestinas e a cobrança pelo uso da água, de forma que os poluidores paguem mais. Gobbi diz que o valor é político e a cobrança traz a sensação de que é preciso fazer alguma coisa para mudar o sistema. “Significa um comprometimento da sociedade, que deve estar disposta a ter de pagar para ter um rio limpo”, diz.
Gestão
Samek afirma que as informações sobre a qualidade e quantidade das águas do estado já existiam, mas estavam descentralizadas. A partir do lançamento do PERH, haverá a sistematização dos dados e a implementação de ações pontuais em cada área comprometida, lembra ele. A estimativa é que sejam aplicados cerca de R$ 600 milhões em obras de complexidade e infraestrutura em todo o estado, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Fonte: Gazeta do Povo/ Site Tratamento de Água
RIO IGUAÇU
O rio Iguaçu é um afluente do rio Paraná e é o maior rio do estado do Paraná, Brasil, formado pelo encontro dos rio Iraí e rio Atuba na parte leste do município paranaense de Curitiba junto a divisa deste com os municípios de Pinhais e São José dos Pinhais.
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INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
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