Acesso a água alivia carga horária feminina
Publicado por Marcelo Osakabe, do Pnud - http://www.envolverde.com.br/
Com fonte de recurso próxima de casa, mulher perde menos tempo buscando água e dedica-se a outras atividades, remuneradas ou não.
A oferta de serviços públicos básicos pode ajudar a diminuir a carga de trabalho das mulheres, ainda que não necessariamente implique melhoria de renda, aponta um artigo divulgado pelo CIP-IG (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro. Baseado em extensa pesquisa sobre a rotina em lares no Gana, país do oeste da África, o paper indica que o acesso a água encanada e diminui o tempo gasto pelas mulheres em afazeres domésticos e as libera para outras atividades — nem sempre remuneradas como (lazer e estudos, por exemplo).
Intitulado Oferta de água da Gana rural: as mulheres se beneficiam? , o texto parte de um estudando de 11 meses sobre a rotina de trabalho de 3.799 lares da zona rural de Gana. Os dados mostram que, nas comunidades que têm acesso a água, as mulheres passam menos tempo em trabalhos domésticos, e as que já exercem tarefa remunerada dedicam mais horas para isso.
Não é difícil entender a razão disso. Os autores do estudo — Joana Costa, Degol Hailu, Elydia Silva e Raquel Tsukada, todos do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo — observam que em sociedades tradicionais cabe às mulheres cuidar da casa, dos filhos e de outros membros da família. E tarefas como buscar água em locais distantes, carregá-la e torná-la potável são parte considerável desse esforço. Nos lares pesquisados, 66% das mulheres fazem isso, muitas das quais despendem até 15 horas semanais com essa atividade — contra 16,5% dos homens. A dupla jornada de trabalho (atividades domésticas e remuneradas) somava pelo menos 84 horas semanais (12 horas diárias) de 37% das mulheres analisadas no estudo — metade delas trabalhava mais de 112 horas por semana (16 horas diárias).
O estudo verificou que o acesso mais fácil à água reduz o fardo doméstico e, portanto, o total de horas trabalhadas. Ao mesmo tempo, as mulheres que já exercem atividade remunerada fazem isso por mais tempo. No entanto, a oferta do benefício não aumenta a proporção de mulheres trabalhando.
“O total de horas trabalhadas pelas mulheres é menor nas comunidades com acesso a água, e menor para as que moram perto de uma fonte de água. Logo, ter acesso a água pode reduzir a carga de trabalho das mulheres. Isso não implica, todavia, que o tempo que as mulheres economizam coletando água seja direcionado a atividades remuneradas”, constatam os autores. “Para atingir essa meta, são necessárias políticas públicas adicionais, especialmente políticas relacionadas a incremento do capital humano e oferta de creches”.
A versão mais ampla do estudo também avalia o impacto do acesso a eletricidade. Esse benefício aumenta as horas dedicadas a serviços remunerados, em especial para aquelas que já participam do mercado de trabalho. Nesse caso, o fato de a luz elétrica poder alongar o dia de trabalho também contribui para a mudança.
A oferta de serviços públicos básicos pode ajudar a diminuir a carga de trabalho das mulheres, ainda que não necessariamente implique melhoria de renda, aponta um artigo divulgado pelo CIP-IG (Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo), órgão do PNUD em parceria com o governo brasileiro. Baseado em extensa pesquisa sobre a rotina em lares no Gana, país do oeste da África, o paper indica que o acesso a água encanada e diminui o tempo gasto pelas mulheres em afazeres domésticos e as libera para outras atividades — nem sempre remuneradas como (lazer e estudos, por exemplo).
Intitulado Oferta de água da Gana rural: as mulheres se beneficiam? , o texto parte de um estudando de 11 meses sobre a rotina de trabalho de 3.799 lares da zona rural de Gana. Os dados mostram que, nas comunidades que têm acesso a água, as mulheres passam menos tempo em trabalhos domésticos, e as que já exercem tarefa remunerada dedicam mais horas para isso.
Não é difícil entender a razão disso. Os autores do estudo — Joana Costa, Degol Hailu, Elydia Silva e Raquel Tsukada, todos do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo — observam que em sociedades tradicionais cabe às mulheres cuidar da casa, dos filhos e de outros membros da família. E tarefas como buscar água em locais distantes, carregá-la e torná-la potável são parte considerável desse esforço. Nos lares pesquisados, 66% das mulheres fazem isso, muitas das quais despendem até 15 horas semanais com essa atividade — contra 16,5% dos homens. A dupla jornada de trabalho (atividades domésticas e remuneradas) somava pelo menos 84 horas semanais (12 horas diárias) de 37% das mulheres analisadas no estudo — metade delas trabalhava mais de 112 horas por semana (16 horas diárias).
O estudo verificou que o acesso mais fácil à água reduz o fardo doméstico e, portanto, o total de horas trabalhadas. Ao mesmo tempo, as mulheres que já exercem atividade remunerada fazem isso por mais tempo. No entanto, a oferta do benefício não aumenta a proporção de mulheres trabalhando.
“O total de horas trabalhadas pelas mulheres é menor nas comunidades com acesso a água, e menor para as que moram perto de uma fonte de água. Logo, ter acesso a água pode reduzir a carga de trabalho das mulheres. Isso não implica, todavia, que o tempo que as mulheres economizam coletando água seja direcionado a atividades remuneradas”, constatam os autores. “Para atingir essa meta, são necessárias políticas públicas adicionais, especialmente políticas relacionadas a incremento do capital humano e oferta de creches”.
A versão mais ampla do estudo também avalia o impacto do acesso a eletricidade. Esse benefício aumenta as horas dedicadas a serviços remunerados, em especial para aquelas que já participam do mercado de trabalho. Nesse caso, o fato de a luz elétrica poder alongar o dia de trabalho também contribui para a mudança.
(Envolverde/PNUD Brasil)
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