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19 de março de 2010

PROJETO TOMBADOR VEADEIROS E A CONSERVAÇÃO DO CERRADO

Corredor Ecológico Tombador-Veadeiros

Conservação do Cerrado garante fornecimento de água no país

O desmatamento ameaça rios que nascem no bioma e abastecem as três maiores bacias hidrográficas brasileiras. Proteger as paisagens naturais do Brasil Central é essencial para evitar que suas fontes sequem.

18/03/2010

http://www.portaldomeioambiente.org.br/agua-e-saneamento/3567-conservacao-do-cerrado-garante-fornecimento-de-agua-no-pais.html

CURITIBA - A conservação do Cerrado é estratégica e essencial para a manutenção do regime de águas no Brasil e na América Latina. O desmatamento do segundo maior bioma do país cresce em ritmo acelerado, o que pode degradar rios importantes que nascem dentro dele e percorrem estados das cinco regiões do país, alimentando culturas agrícolas, cidades e hidrelétricas.

No Cerrado, estão nas nascentes dos rios que abastecem as três principais bacias hidrográficas do país. De acordo com dados da SOS Cerrado, 78% da água que abastece a Bacia Amazônica vem de rios que nascem no Cerrado; 50% das água da bacia do São Francisco, tem origem nas nascentes do bioma; 48% a bacia Platina (Paraná-Paraguai).

“Muitas pessoas ainda reconhecem o Cerrado como um bioma de clima seco e sem vida. Pouca gente sabe que é a maior fonte geradora de água doce do país, bem no coração do Brasil, e é uma das importantes cabeceiras da maior bacia fluvial do mundo, a bacia Amazônica”, explica a diretora executiva da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza, Malu Nunes.

Para que essas bacias continuem a ser alimentadas pelos rios do Cerrado, é fundamental que a cobertura vegetal do bioma seja mantida. O problema é que 80% da área natural do Cerrado já foram alterados e a destruição aumenta a cada dia, o que confere ao bioma a classificação de segundo mais ameaçado do país, depois da Mata Atlântica. As principais ameaças vêm da expansão das fronteiras agrícolas, da exploração de minérios, da retidada de biomassa para produção de carvão e do crescimento desordenado das áreas urbanas.

O desmatamento está degradando rios importantes como o São Francisco e o Tocantins e também ameaça a sobrevivência de um das mais ricas biodiversidade do país. Há registros no Cerrado da presença de cerca de 10 mil espécies vegetais, 800 de aves e 160 de mamíferos. Muitas de suas espécies, especialmente as vegetais, só ocorrem ali e em nenhum outro lugar do Planeta.

Tanta destruição desestabiliza os ecossistemas naturais e prejudica o fornecimento de benefícios que são essenciais à sobrevivência de todas as espécies, inclusive a nossa, os chamados serviços ecossistêmicos, como a produção de água doce, de oxigênio, de matéria-prima e de alimentos, a proteção do solo e a regulação do clima.

Entre as alternativas para frear a devastação do Cerrado estão a elaboração de um plano de conservação do bioma, que contemple o zoneamento para uso e ocupação, a recuperação de áreas degradadas e a criação e manutenção de unidades de conservação.

“As unidades de conservação são a principal ferramenta para proteger as nossas paisagens naturais. Elas são áreas protegidas por lei, que abrigam um patrimônio rico em biodiversidade, e que têm como objetivo a manutenção da natureza e dos serviços ecossistêmicos prestados por ela”, diz Malu Nunes.

Atualmente, o Cerrado apresenta apenas 6,77% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação, sendo que o mínimo indicado pela Convenção da Diversidade Biológica é de 10 %. Daquele total, de acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, 3,88% são de unidades de conservação de uso sustentável e 2,89% são unidades de conservação de proteção integral. “Quando o objetivo é salvaguardar amostras significativas dos biomas brasileiros, devemos priorizar as áreas de proteção integral, que são aquelas que não permitem o uso direto dos recursos”, ressalta Malu.

Cobertura vegetal x produção e manutenção da água - A cobertura vegetal é fundamental para a manutenção do ciclo hidrológico. Além de devolverem parte da água das chuvas ao ambiente na forma de vapor, as árvores interceptam a água que escorre para o solo, fazendo com que ela se infiltre lentamente até chegar aos lençóis subterrâneos, de onde alimentam nascentes, e a partir daí os cursos d’água.

A perda da vegetação compromete essa dinâmica e, consequentemente, a disponibilidade e qualidade da água. Sem árvores, a chuva cai diretamente no solo e o arrasta em processos de erosão, causando o assoreamento e perda de nutrientes que levaram milhares de anos para serem disponibilizados no solo. Além disso, com mais solos chegando aos rios, a capacidade das represas de armazenar água é reduzida.

Cerrado protegido A urgência de ações de conservação do Cerrado levou a Fundação O Boticário de Proteção à Natureza a implantar em 2007 uma unidade de conservação no bioma, a Reserva Natural Serra do Tombador, reconhecida como Reserva Particular do Patrimônio Natural em julho de 2009.

“A Fundação O Boticário também mantém desde 1994 uma RPPN na Mata Atlântica. Nossas duas reservas são manejadas como unidade de conservação de proteção integral, nos moldes de parque nacional”, diz Malu Nunes, a diretora executiva da Fundação O Boticário.

A Reserva Natural Serra do Tombador fica em Cavalcante, Goiás, e é a maior RPPN do Estado e a quarta maior do Cerrado, com 8.900 hectares. Está localizada dentro da Reserva da Biosfera do Cerrado Goyaz, numa região identificada como de prioridade “extremamente alta” para a conservação, por abrigar uma grande variedade de espécies, muitas delas endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção.

A RPPN está numa região conhecida pela numerosa quantidade de cachoeiras de águas cristalinas. A área da Reserva é drenada por tributários do rio São Felix, afluente da margem direita do rio Tocantins, em seu alto curso. Destacam-se o rio Conceição, que ocupa a porção central da área e que tem suas nascentes protegidas pela Reserva, e o rio Santa Rita, que representa o seu limite norte.

Na Reserva Natural Serra do Tombador também existia uma das formações do Cerrado mais ameaçadas, a Floresta Estacional Semidecidual de Encosta, popularmente chamada de “mata seca”. Esta formação tem solo naturalmente fértil, o que permite o plantio direto, e foi devastada para dar lugar a plantações de milho e mandioca. Depois de derrubada, esta mata dificilmente se regenera, pois a umidade e os nutrientes presentes no solo desaparecem. A mata seca, juntamente com as matas de galeria, são como oásis para a fauna característica do Cerrado, uma vez que a maioria das espécies animais depende delas para sobrevier.


Fundação O Boticário

A Fundação O Boticário de Proteção à Natureza é uma organização sem fins lucrativos, cuja missão é promover e realizar ações de conservação da natureza.

Criada em 1990 por iniciativa do fundador do Boticário, a atuação da Fundação O Boticário é nacional e suas ações incluem proteção de áreas naturais, apoio a projetos de outras instituições e disseminação de conhecimento. Desde a sua criação, a Fundação O Boticário já apoiou já doou U$ 9,3 milhões para 1.218 projetos de 390 instituições em todo o Brasil.

A Fundação O Boticário mantém duas reservas naturais, a Reserva Natural Salto Morato, na Mata Atlântica; e a Reserva Natural Serra do Tombador, no Cerrado, os dois biomas mais ameaçados do país.

Outra iniciativa é um projeto pioneiro de pagamento por serviços ecossistêmicos em regiões de manancial, o Projeto Oásis. Criado em 2006, o projeto premia financeiramente proprietários que protegem suas áreas de mananciais na região da Bacia do Guarapiranga, na Região Metropolitana de São Paulo. A idéia de premiação aos proprietários de áreas conservadas pelo fornecimento por serviços ecossistêmicos adotada no projeto de São Paulo também é aplicada no Projeto Oásis Apucarana, interior do Paraná, para proteger nascentes das três bacias hidrográficas da região.


Fonte: NQM Comunicação.
por João SuassunaÚltima modificação 18/03/2010 09:55

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Um comentário:

  1. A região da chapada dos veadeiros é hoje, uma das maiores áreas sujeitas a invasão pela iniciativa turistica e por empresarios do ramo imobiliario local. Alto paraiso de goias prima na grilagem de terras dentro e no entorno do parque nacional, isso com conivencia das autoridades publicas, de ex funcionarios do judiciario que enxergaram em tais iniciativas outras fontes de aquisição de terras da União. Poucas ONGs se interessam pelo assunto e não existe vontade politica para resolução de problemas desta natureza, simplesmente se omitem em atuar neste sentido. Falta uma fiscalização efetiva na região. Mineração clandestina, grilagem, corporativismo, descaso, interesses escusos, são as principais causas destas ações.

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