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1 de março de 2010

BELO HORIZONTE INAUGURA AQUÁRIO DO RIO SÃO FRANCISCO, DIA 05


Rio São Francisco -
Aquário da Fundação Zoo-botânica de BH será aberto no sábado

Construção e aquisição do acervo custaram mais de R$ 5 milhões

Pedro Rocha Franco - Estado de Minas

Peixes típicos da bacia hidrográfica foram selecionados para compor o plantel da instituição e, depois de adaptados, poderão ser usados em processos de repovoamento - (Fotos: Beto Novaes/EM/D.A Press )
Peixes típicos da bacia hidrográfica foram selecionados para compor o plantel
da instituição e, depois de adaptados, poderão ser usados em processos
de repovoamento

Da nascente em um brejo na Serra da Canastra, no interior de Minas, até sua foz no encontro com o Oceano Atlântico, já no litoral nordestino, são 2,8 mil quilômetros de tradição, história e da rica cultura nacional refletidos nas águas de um rio presente na vida de 14 milhões de pessoas.


O Rio São Francisco representa o que há de mais brasileiro e aqueles que pretendem compará-lo com o primo Amazonas argumentam que, apesar de menor, o passaporte exclusivamente verde e amarelo o garante no topo dos mais extensos entre os unicamente nacionais. E, a partir de sábado, os belo-horizontinos poderão visitar um pedacinho da imensidão do Velho Chico numa aula prática e teórica no Aquário da Bacia do Rio São Francisco, que será inaugurado no jardim zoológico.

Das carrancas protetoras aos meios de navegação usados no curso d’água, o aquário é todo ornamentado com símbolos do São Francisco. E, como nas páginas dos livros de Guimarães Rosa, o visitante é convidado a caminhar por 3 mil metros quadrados para desvendar cada cantinho do rio. Desde os tradicionais dourado e matrinxã aos exóticos pacu-caranha e tucunaré, em 22 tanques são expostas espécies variadas de peixes encontrados de Minas à Alagoas.

O aquário começou a ser construído em dezembro de 2006. Numa parceria entre a Prefeitura de Belo Horizonte e o Ministério do Meio Ambiente foram investidos R$ 5,5 milhões. Segundo o presidente da Fundação Zoo-Botânica, Evandro Xavier, a obra foi possível numa integração de esforços. “Que seja uma cruzada pela revitalização. O desafio é que as pessoas saiam da visitação com a ideia de preservar os rios”, diz.


Critérios


Com base na lista dos peixes encontrados na bacia, ao todo são 182 espécies, foram definidos dois critérios prioritários para seleção de quais seriam expostos no aquário: representatividade e necessidade de informações científicas. O primeiro critério foi considerado em situações extremas, sendo relacionados tanto os peixes muito conhecidos, seja pela culinária ou pela pesca, como aqueles pouco falados, ou até desconhecidos e sem nomes comuns, como é o caso de uma espécie da família dos rivulídeos.


Segundo o diretor do jardim zoológico, Carlyle Mendes Coelho, eles vivem em poças d’água às margens do Rio São Francisco e no período de seca todos morrem, mas os ovos resistem e novos peixes nascem quando as chuvas voltam e novamente se formam as poças. O ciclo se repete e, consequentemente, o tempo médio de vida é de seis a sete meses. “Eles nunca foram mantidos em aquário. Será preciso aprender sobre os seus hábitos para transformá-los em informações científicas”, explica.



A partir da lista, 40 técnicos da Fundação Zoo-Botânica identificaram locais onde os peixes são encontrados e entraram em contato com os pescadores da região para conseguir as espécies. Numa expedição que percorreu mais de 5 mil quilômetros, quase duas vezes a extensão da bacia, técnicos conseguiram obter aproximadamente 1,2 mil exemplares. Deste total, fazem parte também os que foram comprados e doados por instituições parceiras no projeto, como o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).


Depois de levados para o jardim zoológico, os peixes são mantidos em quarentena, antes de serem lançados no aquário. O período de adaptação serve para evitar que aquele exemplar transmita doenças para os demais, principalmente fungos e parasitas. São feitos protolocos de tratamento e veterinários acompanham dia a dia a evolução do peixe por meio de exames.


Por causa do transporte e forma de captura e a retirada do animal de seu hábitat, acaba-se por gerar estresse e queda de resistência, o que facilita a contaminação. “Os carnívoros têm maior dificuldade de adaptação por causa da alimentação. É preciso adaptá-los à ração e, inicialmente, eles recebem peixe e filé de peixe. Já os onívoros e herbívoros aceitam com maior facilidade”, explica Carlyle. A dieta dos cascudos é baseada em algas e alimentos ricos em celulose, como casca de madeira, por isso, nos aquários é feita colonização de algas para que sirvam de comida. Por não produzirem vitamina C, é preciso incorporar o nutriente na alimentação.


Questões ligadas ao comportamento dos animais do próprio zoológico também serviram como experiência para facilitar o convívio entre espécies que compartilham o tanque. Por exemplo, o posicionamento de galhos protege os peixes menores e mais ágeis das espécies naturalmente predadoras. “Mas há casos, como o das piranhas, em que não é possível o compartilhar o tanque e é preciso mantê-las isoladas”, afirma Carlyle.


"Agora, por aqui, o senhor já viu: Rio é só o São Francisco, o Rio do Chico. O resto, pequeno, é vereda. E algum ribeirão" - trecho extraído do livro Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa

Fonte: UAI - MINAS

INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas do Brasil!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!

2 comentários:

  1. Movimento Mineiro pelos Direitos Animais04 março, 2010 18:15

    Texto de Apolo Heringer Lisboa, professor da UFMG e
    fundador do Projeto Manuelzão, sobre o
    Aquário do São Francisco
    da Fundação Zoobotânica da Prefeitura BH,
    que será inaugurado nesta sexta-feira, 05/03/2010 em Belo Horizonte

    "Certa vez, em palestra, disse que os zoológicos são uma instituição
    perversa, que encarcera animais, e disso se orgulha. Acontece em todo o
    mundo. Apresenta-se como escola para educação ambiental de crianças, e
    centro de pesquisa. Centro de pesquisa em animais, realmente é, mas
    excluindo o ser humano, o mais bem sucedido animal, que foi poupado de viver
    enjaulado e à mostra. Se predomisasse o interesse científico por quer
    discriminar o ser humano não reservando moradia para um casal pelo menos?

    Por que aquário, prisão de peixes? Parece que estão substituindo os rios,
    que esgotados, já quase estão sem peixes e os restantes correm o risco de se
    extinguirem. Tenho outra idéia. Lutar com muita energia para salvar todos os
    rios do planeta Terra, e levar as crianças para conhecerem os peixes como
    realmente devem ser conhecidos: na Natureza, em liberdade. Isto vale para
    todos animais, nas florestas também. Preservando rios e matas não é
    necessário aprisionar animais. Nosso sistema social e sua mentalidade
    dominante exterminam os *habitats* naturais e criam zoológicos e aquários.
    Não deixa de ser um amor hipócrita. Imaginei um modo de observarmos os
    peixes nos rios preservados: construir em vidro um mirante em forma de
    submarino que ficasse dentro do rio onde as pessoas pudessem observar os
    peixes vivendo em liberdade, sem que percebessem. Imaginem que aula de
    qualidade. Temos tecnologias para isso e o mesmo poderia acontecer nas
    florestas. As crianças viajariam, o ensino seria de outro nível de
    qualidade. Que tal um projeto desse para o baixo rio das Velhas?

    No caso do aquário da prefeitura de BH, construido com a melhor das
    intenções no respectivo nível de consciência! ele foi construido com verbas
    do mesmo governo e ministérios que aprovaram a transposição do rio São
    Francisco. Transposição que significará, se for concretizada, pá de cal na
    vida do São Francisco enquanto rio natural, acabando com sua vazão
    ecológica e criando inúmeras barragens nos afluentes mineiros dessa bacia,
    aa grandes inimigas dos rios e dos peixes. Este aquário é fruto de uma certa
    má consciência, de uma tentativa de compensação e de marketing. O prefeito
    de BH, embora o considere amigável e respeitável, com passagens históricas
    comuns, é apoiador convicto de Ciro Gomes no projeto de transposição. Estará
    inaugurando uma obra que é mais um requiém antecipado do destino da bacia do
    São Francisco. E tudo será apresentado pela mídia como mais uma conquista da
    sociedade, como mais um progresso!

    Esta voz isolada não tem como se contrapor ao noticiário dessa engrenagem do
    sistema, que apresentará à sociedade esta festa, na verdade prenúncio de
    velório. Por isso não suporto o cheiro das flores em velórios. Prefiro o
    perfume das flores para agradar meus encontros e regalar minha amada. Não
    para esconder o mau cheiro dos defuntos. As flores são usadas também à beira
    dos córregos canalizados para esconder o mau cheiro dos esgotos. Assim é a
    propaganda enganosa. Sei que entre nós muitos apoiam o aquário e tenho por
    eles o maior respeito, pois estão associados à recuperação do Velhas e do
    São Francisco. Mas neste ítem pensamos diferentes. Sou a favor do fechamento
    dos zoológicos e pela defesa das nossas matas com seus animais em todo o
    mundo. O mesmo quanto aos rios e aos peixes."

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  2. MOVIMENTO MINEIRO PELO DIREITO DOS ANIMAIS:

    O presente texto já foi publicado no Blog:

    Vejam:

    2 de março de 2010
    REFLEXÃO DE APOLO LISBOA SOBRE O AQUÁRIO DO VELHO CHICO

    ResponderExcluir

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