Degelo ameaça equilíbrio da vida no mar gelado
Dono da maior concentração de água doce do mundo, com 80% de toda a reserva do planeta, o continente pode se tornar uma ameaça para o equilíbrio dos mares, em última instância, caso o degelo aumente descontroladamente. Uma das maiores preocupações dos cientistas é que um volume exagerado de água doce chegue aos mares antárticos.
18 / 11 / 2008 - Correio Braziliense
O continente gelado, que impressiona pela beleza e pela sensação de paz que transmite, sofre, silenciosa e lentamente, agressões que têm aumentado a cada década. As conseqüências de tantas investidas contra o território são imprevisíveis. E projetam um cenário preocupante para o futuro da humanidade.
Além de ser o lugar mais afetado do planeta pelo buraco da camada de ozônio, a Antártida tem chamado a atenção dos cientistas do mundo inteiro - e aí se incluem os brasileiros que trabalham na Estação Comandante Ferraz - para um fenômeno que vem sendo estudado intensamente nos últimos anos: o derretimento das geleiras.
Dono da maior concentração de água doce do mundo, com 80% de toda a reserva do planeta, o continente pode se tornar uma ameaça para o equilíbrio dos mares, em última instância, caso o degelo aumente descontroladamente. Uma das maiores preocupações dos cientistas é que um volume exagerado de água doce chegue aos mares antárticos. Se isso acontecer, os níveis de salinidade e pH (acidez ou alcalinidade) da água marinha seriam muito afetados. E a vida, além das correntes marítimas, seria colocada à prova.
Atualmente, três biólogos brasileiros especializados em peixes conduzem estudos na Antártida. Edson Rodrigues Júnior, 24 anos, da Universidade de Taubaté (SP); Juliana Spier Schultz, 27 anos, da PUC; e Fabio Carneiro Sterzeleck, da Universidade Federal do Paraná, concentram suas pesquisas no tema.
O trio desembarcou em março na Estação Comandante Ferraz e retornará ao Brasil no fim deste mês. Eles têm estudado o comportamento de duas das mais de 300 espécies de peixes que habitam esses mares: Notothenia neglecta e Notothenia rossii. Essas espécies não ocorrem em nenhuma outra região do planeta, e os pesquisadores submetem amostras dos peixes a diferentes graus de salinidade e pH, para entender como eles reagem às mudanças.
"Tudo na Terra gira em torno de um equilíbrio natural. Se isso muda, os efeitos são imprevisíveis. É isso que estamos estudando", resume Juliana. "Ainda é cedo para responder quais são as reações dos peixes a essas mudanças de salinidade e pH. Estamos analisando bioquimicamente e celularmente as reações dos animais", continuou.
Os dados coletados pelos pesquisadores brasileiros serão compilados e agrupados a outras pesquisas sobre os efeitos das mudanças climáticas, até que uma compreensão melhor do problema possa ser atingida. Mas os dados existentes comprovam que a alteração já está em curso. O polonês Arkadiusz Nedzarek, que trabalha em uma base da Polônia próxima à Comandante Ferraz, publicou um estudo neste ano sobre a Baía do Almirantado, na Ilha Rei George, onde ambos os países mantêm suas equipes.
"A corrente de água e a suspensão de minerais afetam as condições hidrológicas e hidroópticas da Baía do Almirantado", afirma o estudo. "A correnteza de água doce causa mudanças na salinidade de 16,4 PSU (unidade internacional de medida), nas áreas próximas às praias, para 34,2 PSU nas áreas centrais da baía", conclui. O normal, para todos os peixes da região, é um salinidade de 35 PSU, e os brasileiros chegaram a manter espécimes em aquário a 20 PSU, por 11 dias, para perceber os efeitos nos peixes. "Depois desse período, nós dissecamos os peixes para analisar os efeitos no metabolismo", explicou Fábio.
Para Edson Rodrigues, a importância dos estudos em curso é alertar as populações para que um futuro muito nebuloso possa ser evitado. "Na verdade, ninguém sabe quais as conseqüências desastrosas que podemos vir a enfrentar, de fato, caso esse degelo ocorra de forma exagerada", declarou o biólogo. "Uma mudança na Antártida causaria alterações em cadeia que percorreriam todo o planeta e mudariam as correntes e a vida marinha em todos os mares. O efeito disso pode ser muito ruim. E é isso que esses estudos tentam projetar para, em última instância, evitar que uma catástrofe aconteça", encerra Edson.
As informações são do diário Correio Braziliense.Fonte: Gabeira.com
INSTITUTO SOS RIOS DO BRASIL
Divulgando, Promovendo e Valorizando
quem defende as águas brasileiras!
ÁGUA - QUEM USA, CUIDA!
18 / 11 / 2008 - Correio Braziliense
O continente gelado, que impressiona pela beleza e pela sensação de paz que transmite, sofre, silenciosa e lentamente, agressões que têm aumentado a cada década. As conseqüências de tantas investidas contra o território são imprevisíveis. E projetam um cenário preocupante para o futuro da humanidade.
Além de ser o lugar mais afetado do planeta pelo buraco da camada de ozônio, a Antártida tem chamado a atenção dos cientistas do mundo inteiro - e aí se incluem os brasileiros que trabalham na Estação Comandante Ferraz - para um fenômeno que vem sendo estudado intensamente nos últimos anos: o derretimento das geleiras.
Dono da maior concentração de água doce do mundo, com 80% de toda a reserva do planeta, o continente pode se tornar uma ameaça para o equilíbrio dos mares, em última instância, caso o degelo aumente descontroladamente. Uma das maiores preocupações dos cientistas é que um volume exagerado de água doce chegue aos mares antárticos. Se isso acontecer, os níveis de salinidade e pH (acidez ou alcalinidade) da água marinha seriam muito afetados. E a vida, além das correntes marítimas, seria colocada à prova.
Atualmente, três biólogos brasileiros especializados em peixes conduzem estudos na Antártida. Edson Rodrigues Júnior, 24 anos, da Universidade de Taubaté (SP); Juliana Spier Schultz, 27 anos, da PUC; e Fabio Carneiro Sterzeleck, da Universidade Federal do Paraná, concentram suas pesquisas no tema.
O trio desembarcou em março na Estação Comandante Ferraz e retornará ao Brasil no fim deste mês. Eles têm estudado o comportamento de duas das mais de 300 espécies de peixes que habitam esses mares: Notothenia neglecta e Notothenia rossii. Essas espécies não ocorrem em nenhuma outra região do planeta, e os pesquisadores submetem amostras dos peixes a diferentes graus de salinidade e pH, para entender como eles reagem às mudanças.
"Tudo na Terra gira em torno de um equilíbrio natural. Se isso muda, os efeitos são imprevisíveis. É isso que estamos estudando", resume Juliana. "Ainda é cedo para responder quais são as reações dos peixes a essas mudanças de salinidade e pH. Estamos analisando bioquimicamente e celularmente as reações dos animais", continuou.
Os dados coletados pelos pesquisadores brasileiros serão compilados e agrupados a outras pesquisas sobre os efeitos das mudanças climáticas, até que uma compreensão melhor do problema possa ser atingida. Mas os dados existentes comprovam que a alteração já está em curso. O polonês Arkadiusz Nedzarek, que trabalha em uma base da Polônia próxima à Comandante Ferraz, publicou um estudo neste ano sobre a Baía do Almirantado, na Ilha Rei George, onde ambos os países mantêm suas equipes.
"A corrente de água e a suspensão de minerais afetam as condições hidrológicas e hidroópticas da Baía do Almirantado", afirma o estudo. "A correnteza de água doce causa mudanças na salinidade de 16,4 PSU (unidade internacional de medida), nas áreas próximas às praias, para 34,2 PSU nas áreas centrais da baía", conclui. O normal, para todos os peixes da região, é um salinidade de 35 PSU, e os brasileiros chegaram a manter espécimes em aquário a 20 PSU, por 11 dias, para perceber os efeitos nos peixes. "Depois desse período, nós dissecamos os peixes para analisar os efeitos no metabolismo", explicou Fábio.
Para Edson Rodrigues, a importância dos estudos em curso é alertar as populações para que um futuro muito nebuloso possa ser evitado. "Na verdade, ninguém sabe quais as conseqüências desastrosas que podemos vir a enfrentar, de fato, caso esse degelo ocorra de forma exagerada", declarou o biólogo. "Uma mudança na Antártida causaria alterações em cadeia que percorreriam todo o planeta e mudariam as correntes e a vida marinha em todos os mares. O efeito disso pode ser muito ruim. E é isso que esses estudos tentam projetar para, em última instância, evitar que uma catástrofe aconteça", encerra Edson.
As informações são do diário Correio Braziliense.Fonte: Gabeira.com
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